30 de abr. de 2016

Até a tela do meu celular concorda

                 Até a tela do meu celular aumenta o brilho quando eu rolo a lista de contatos do WhatsApp até o seu nome. Até a ordem das mensagens naquela rede social parecem conspirar para que as suas apareçam com destaque. Até o sol parece concordar: ele praticamente fica em torno de você.

                Até meus poemas concordam, não há rima ou palavra bonita que substitua a tua presença num verso. Até minhas personagens principais têm suas qualidades singulares. É inevitável.

                Até as músicas que eu ouço concordam: não há melodia ou letra que não tenha inspiração na tua pessoa, é improvável.

                Até minha família concorda, não tem como não se encantar. Meu amigo gay também concorda, você é um pedaço.

                Duvida que haja quem não concorde com a pessoa que tu és. Talvez tu mesmo, ao chegar num ponto que não há mais aquele amor próprio devastador. Eu não. Eu nunca.

                Até eu, em toda minha discordância, concordo com o sol, com meu celular, com as músicas, com a minha família e com meu amigo gay. Concordo ainda mais comigo, e adicionaria mais umas mil coisas em concordância.

                Mas eu nego. Mostro que nego, finjo que nego, discordo: não, eu não tenho sentimentos.
               
                Mas eu os tenho.

                E como disse a expressiva Clarice:

                Hoje eu falei, pra mim (jurei até), que essa (e) não seria pra você, e agora é.


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