31 de mar. de 2016

A gente vive se matando e quer viver.

A gente vive querendo expor pro mundo o quanto a gente tá bem, a gente vive querendo provar pra gente que tudo tá mesmo bem, a gente vive dizendo que tá tranquilo, tá favorável, mas num tá não.

É que a gente escreve e faz segundo as circunstâncias porque as circunstâncias mandam muita coisa – porque a gente deixa que mandem.

Porque a gente vive reclamando que não tem tempo, mas quando tem morre e se larga na bobagem de simplesmente existir por algum tempo. A gente joga a vida pro lado e vira um vegetal por minutos, fazendo da tela do celular nosso sol, nosso alimento, esvaziando nossa mente e enchendo nosso coração.

A gente reclama quando alguém finge que nem nos conhece, mas faz igual, ou pior. A gente foge. Foge e fica morrendo de raiva porque a outra pessoa fez igual a gente fez. Hipócrita, não?

Mas é normal, é aquela coisa de espelhar no outro o que a gente morre de medo de enfrentar e reconhecer na gente mesmo. Porque sejamos sinceros, a gente morre de medo de um monte de coisinha besta. Mas olha só, é normal. Se alguém vier me dizer, ou te dizer, que não tem medo nenhum, esse daí é tão medroso que nem pra admitir que tem medo tem cara e coragem. Migo, situe-se em si. Tu é ser humano, guri! Pois seja ser humano homem, ué.

A gente se perde no tempo e se perde no medo e se perde na gente, a gente se perde nos objetivos se perde nos sonhos se perde nos amores, se perde nas ilusões e desilusões, se perde no que quer e no que vive deixando de querer, a gente se perde, reperde dispersa e se reconstrói. Somos uns doidos, isso sim!

A gente se perde na tristeza, né? A gente se perde no medo aterrorizante de não ser nem capaz nem suficiente, se perde em ser uma decepção pra gente mesmo. Como que se vive odiando quem você é? Como se vive não suportando a pessoa que vive dentro dessa tua casca? Como se vive quando vive se matando, ein?

Eu também não sei.

Não é porque vivo escrevendo e falando sobre isso que sou mais ou menos sensata do que qualquer um que possa vir a ler esse texto, eu só sinto e vejo e revejo e despejo tudinho que há em mim pra ser despejado.

Porque a verdade é que às vezes eu me odeio também, mesmo falando e pregando sobre amor-próprio. A verdade é que eu morro de medo de nunca ser o suficiente pra ninguém nem capaz de alcançar tudo o que eu sempre quis e ainda vou querer. A verdade é que eu também vivo me comparando com gente melhor que eu mesmo sabendo que ninguém é melhor que ninguém.

É essa nossa fraqueza humana de sermos quem somos, só e nada mais. É essa falha que todo mundo tem, essa insegurança mascarada ou escancarada todo esse amor pra dar e o receio de não receber nem metade.

Você acredita que algumas pessoas foram feitas pra amaram mais do que jamais serão amadas na vida?

Dói, né? Porque pra gente sempre somos o que ama demais. Mas a gente é amado também, é amado sim, é amado demais, e devia se amar bem mais.

É isso. A gente devia se amar bem mais.

Porque nada tá tranquilo, porque a cabeça pesa e o coração aperta, porque a gente vive morrendo e se matando, porque a gente foge e se esconde e se encolhe e cobra como se tivesse algum direito de cobrar.

Porque a gente é. Porque a gente está.

E não deve perder toda a essência na gente que vale a pena porque o mundo tá desmoronando. Porque já disse alguém em algum lugar, mesmo que o céu desabe nas nossas cabeças, ainda assim, estaremos em meio às estrelas.

Porque se até uva passa, as coisas passam e vem e vão e são e nos tornam.

E a gente deve ser menos covarde.

E ser mais.




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