26 de fev. de 2018

Liberdade ou solidão?

Solidão (s.f.).: estado de quem se acha ou se sente desacompanhado ou só; isolamento. Sartre acreditou que a solidão era fundamental para o ser humano. Outros acreditavam que o ser humano precisa estar ativamente nas relações sociais e a solidão é o bug no código.

Eu acho que a solidão é uma confusão caótica de um silêncio ensurdecedor. Quantas vezes eu me senti avulsa no meio de uma multidão? Um vazio gigantesco em um ambiente preenchido em cada metro quadrado.

Não há companhia como a minha, e meu problema não é com a demasiada existência de mim no meu mundo, mas com a essência enlouquecedora de que sou só eu por mim comigo ali. Porque o silêncio externo é necessário para autoconhecimento mas a vida não é um questionário de Proust e eu já devo ter dito isso.

O problema é a falta da compreensão, a ausência da tua presença ao meu redor e da tua atenção plena na nossa conversa. Eu quero te ouvir, mas você está pronto para me escutar? A paz de um dia tranquilo e livre não substitui a paz de uma boa relação com o mundo. Não vivo em uma ilha, tampouco em uma metrópole, mas e essa sociedade?

Eu sou a sociedade. Hipócrita, fujo rápido de quem tenta se aproximar da minha alma, mas dói estar tão longe do teu mundo. Paradoxal ou idiota? A vida é uma música incompleta que grita para ter diversos compositores no seu processo.

Quão bom é um disco com o trabalho de um homem só?

Eu que não tenho nada de novo para compartilhar além das minhas frustrações ou você que está ocupado demais com a própria vida para me ouvir?

O maior erro do ser humano é transformar a própria vida na coisa mais importante e complicada dessa vida. Aí você se torna o próprio segurança dos muros que construiu tijolo por tijolo, enquanto achava que estava crescido demais para não precisar de proteção de outrem.

Ser independente independe de solidão. Tem mais a ver com responsabilidade, liberdade e aquela humildade de perceber que não se vive só, mas em comunhão.


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