Me desculpa.
Me desculpa por pedir tantas desculpas. Eu não aguento mais isso
também.
Ultimamente eu não venho aguentando muitas coisas. Nem lidando com a
maioria delas. E eu juro juro juro que eu queria. Mas eu não
consigo.
E eu não venho conseguindo muitas coisas.
Eu não sou assim. É uma maré ruim e eu sou ruínas. A tempestade
não foi o que me derrubou e destruiu, mas as chuvas fracas. Cada
gota se infiltrou em todo o meu ser e me transformou no monte de
remendos que eu sou agora e eu sinto muito que você tenha me
conhecido dessa maneira.
Eu sou brilhante. Brilhante, linda e cheia de vida. Eu irradio luz.
Mas agora eu tenho medo de levantar e acender as luzes e ter que
encarar a realidade porque dói.
Eu
não quero mais sentir dor.
Eu prefiro não sentir mais nada.
Mas eu não sou assim e não quero
ser o eu que tenho pra te oferecer agora, mas é só o que eu tenho
pra te oferecer e eu quero que você fique.
E fique perto.
Mas ao mesmo tempo eu não acho que
seja justo que você tenha que lidar com o caos que eu venho sendo.
Me desculpa por te procurar sempre
que eu não consigo lidar com a pessoa que eu sou. E
eu sei que você não tem ideia porque eu escondo a maioria das
coisas. Porque eu não quero
que sintam pena de mim e eu só preciso que você tenha paciência
mas eu não tenho mais vontade.
Eu
não sei o que está acontecendo comigo na maioria das vezes. Você
me dá esperança, mas assim que some eu me perco.
Eu não preciso e não quero
precisar de ninguém.
Mas talvez eu precise de você.
É pecado?
Será que tudo tem que ser assim tão
difícil?
Eu não quero ser um fardo.
Dói.
Na maioria do tempo dói e eu só
queria desaparecer ou voltar a ser a pessoa que eu sou no fundo.
Parece que nada do que eu faço
inspira felicidade ou sentimentos bons.
Eu sou um caos. Um caos bonito, mas
um caos.
Eu não sei mais o que fazer.
Estou cansada de me sentir sozinha.
E um pouco cansada de mim mesma.
Não quero decidir por você.
Por isso eu te ofereço as duas
pílulas: azul e vermelha.
Uma delas diz que você gosta de mim
mesmo que eu seja só ruínas e que aceita que é preciso paciência
pra pessoa que eu sou que é muito mais frágil do que aparenta ser e
que presta atenção demais nos detalhes e guarda tudo muito pra si e
sente muito.
A outra diz que você não quer
lidar com isso também.
Eu quero que você fique.
Mas eu quero que você se afaste e
não torne tudo mais difícil do que já é.
Eu não sei de qual resposta eu mais
tenho medo.
Não segure a minha mão
se não puder aceitar tudo o que vem junto com isso.
Mas por favor, não solte a minha
mão
agora que eu estou prestes a desabar.
Esse texto é só pra dizer as
coisas que eu tenho medo de te dizer e te afastar, e também que
tenho medo de te prender a mim por um laço doloroso para qualquer
uma das partes.
Eu sou mais delicada emocional e
atenciosa do que eu demonstro. Vocês se acostumaram com a minha
defensiva, ofensiva e frieza. Eu não sou exatamente assim.
Tem uma parte de mim – a mais
bonita, desconfio – que não é nada do que alguém jamais poderia
esperar de alguém que se parece comigo.
Eu tenho mais cicatrizes do que o
meu sorriso deixa que apareçam.
E eu sou mais do que toda a dor que
eu venho transportando.
Mas agora, eu não posso oferecer
muito mais do que venho compartilhando.
Algum dia – e eu creio no
universo, em Deus e em mim – eu vou conseguir voltar a transbordar.
Mas agora eu preciso que você tenha
paciência.
E então, será que você é capaz
de lidar com tudo isso?
Será que você quer
ter que lidar com tudo isso?
Toma,
é o que eu tenho pra te oferecer.
Oi, Letícia!
ResponderExcluirTodos nós nos sentimos assim. Às vezes mais do que desejamos. Não tenho um bom conselho pra te dar, porque eu mesma gostaria de ser capaz de fazer com que os meus dias ruins e o de muitas pessoas passasse e nunca mais voltasse. Espero do fundo do meu coração que as coisas melhorem pra ti, e que perceba que é completa por si só. Se alguém quiser entrar e dividir as partes boas e ruins contigo, é lucro.
Um beijo,
Isabelle Costa
www.avalancheliteraria.com.br