4 de jun. de 2017

Será?



Me desculpa.
Me desculpa por pedir tantas desculpas. Eu não aguento mais isso também.
Ultimamente eu não venho aguentando muitas coisas. Nem lidando com a maioria delas. E eu juro juro juro que eu queria. Mas eu não consigo.
E eu não venho conseguindo muitas coisas.
Eu não sou assim. É uma maré ruim e eu sou ruínas. A tempestade não foi o que me derrubou e destruiu, mas as chuvas fracas. Cada gota se infiltrou em todo o meu ser e me transformou no monte de remendos que eu sou agora e eu sinto muito que você tenha me conhecido dessa maneira.
Eu sou brilhante. Brilhante, linda e cheia de vida. Eu irradio luz.
Mas agora eu tenho medo de levantar e acender as luzes e ter que encarar a realidade porque dói.
Eu não quero mais sentir dor.
Eu prefiro não sentir mais nada.
Mas eu não sou assim e não quero ser o eu que tenho pra te oferecer agora, mas é só o que eu tenho pra te oferecer e eu quero que você fique. E fique perto.
Mas ao mesmo tempo eu não acho que seja justo que você tenha que lidar com o caos que eu venho sendo.
Me desculpa por te procurar sempre que eu não consigo lidar com a pessoa que eu sou. E eu sei que você não tem ideia porque eu escondo a maioria das coisas. Porque eu não quero que sintam pena de mim e eu só preciso que você tenha paciência mas eu não tenho mais vontade.
Eu não sei o que está acontecendo comigo na maioria das vezes. Você me dá esperança, mas assim que some eu me perco.
Eu não preciso e não quero precisar de ninguém.
Mas talvez eu precise de você.
É pecado?
Será que tudo tem que ser assim tão difícil?
Eu não quero ser um fardo.
Dói.
Na maioria do tempo dói e eu só queria desaparecer ou voltar a ser a pessoa que eu sou no fundo.
Parece que nada do que eu faço inspira felicidade ou sentimentos bons.
Eu sou um caos. Um caos bonito, mas um caos.
Eu não sei mais o que fazer.
Estou cansada de me sentir sozinha.
E um pouco cansada de mim mesma.
Não quero decidir por você.
Por isso eu te ofereço as duas pílulas: azul e vermelha.
Uma delas diz que você gosta de mim mesmo que eu seja só ruínas e que aceita que é preciso paciência pra pessoa que eu sou que é muito mais frágil do que aparenta ser e que presta atenção demais nos detalhes e guarda tudo muito pra si e sente muito.
A outra diz que você não quer lidar com isso também.
Eu quero que você fique.
Mas eu quero que você se afaste e não torne tudo mais difícil do que já é.
Eu não sei de qual resposta eu mais tenho medo.
Não segure a minha mão se não puder aceitar tudo o que vem junto com isso.
Mas por favor, não solte a minha mão agora que eu estou prestes a desabar.
Esse texto é só pra dizer as coisas que eu tenho medo de te dizer e te afastar, e também que tenho medo de te prender a mim por um laço doloroso para qualquer uma das partes.
Eu sou mais delicada emocional e atenciosa do que eu demonstro. Vocês se acostumaram com a minha defensiva, ofensiva e frieza. Eu não sou exatamente assim.
Tem uma parte de mim – a mais bonita, desconfio – que não é nada do que alguém jamais poderia esperar de alguém que se parece comigo.
Eu tenho mais cicatrizes do que o meu sorriso deixa que apareçam.
E eu sou mais do que toda a dor que eu venho transportando.
Mas agora, eu não posso oferecer muito mais do que venho compartilhando.
Algum dia – e eu creio no universo, em Deus e em mim – eu vou conseguir voltar a transbordar.
Mas agora eu preciso que você tenha paciência.
E então, será que você é capaz de lidar com tudo isso?
Será que você quer ter que lidar com tudo isso?

Toma, é o que eu tenho pra te oferecer.

Um comentário:

  1. Oi, Letícia!

    Todos nós nos sentimos assim. Às vezes mais do que desejamos. Não tenho um bom conselho pra te dar, porque eu mesma gostaria de ser capaz de fazer com que os meus dias ruins e o de muitas pessoas passasse e nunca mais voltasse. Espero do fundo do meu coração que as coisas melhorem pra ti, e que perceba que é completa por si só. Se alguém quiser entrar e dividir as partes boas e ruins contigo, é lucro.

    Um beijo,
    Isabelle Costa
    www.avalancheliteraria.com.br

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