Leia ouvindo (perdão real por demorar tanto e ser tão assim):
Tenho uma pilha de histórias e momentos incríveis dos quais já
vivenciei, e isso é fato, tem uma penca de sentimentos gloriosos que
já habitaram esse meu ser, e os melhores destes estão relacionados
com a arte e suas diversas manifestações.
Não é surpresa pra ninguém que já teve algum contato comigo o
quão apaixonada eu sou pela vida em suas mais singulares
representações, e quando se trata da arte, eu tenho um fraco por
qualquer coisa que demonstre verdade e faça sentir. Ainda mais se eu
estiver inserida em tal contexto.
Pois bem, estive em um evento nessa semana que passou que reunia a
arte em suas diversas formas, pesquisa de soluções, dança, teatro,
e muita música. Como pseudopoeta, pseudodançarina e
pseudosegunda-voz é difícil dizer – em termo de apresentações –
o que aqueceu e preencheu mais o meu coração de amor.
Desconfio então, e isso em base na saudade que aperta meu peito e
faz minha mente sempre retornar para os mesmos momentos que todo o
encantamento construído por essa viagem esteve nos bastidores. Cada
pessoa incrível que pisou aquele palco era ainda mais incrível com
o pessoal do seu campus, e ainda mais incrível rindo de alguma coisa
boba ou andando de um lado pro outro com um crachá identificando o
nome e o lugar de onde veio.
Então, por falar dessas pessoas, levanto a questão bizarra de como
o destino ou universo ou carma, ou sei lá, Deus, terem um senso de
humor irônico e meio maldoso.
Foi preciso que viajássemos quase dez horas para conhecermos pessoas
maravilhosas que passam boa parte do tempo há meia hora daqui. E meu
Deus, não sei como eu odiei ou amei tudo isso.
Porque nunca, em nenhum momento antecessor à viagem eu imaginei que
ela seria incrível por esses motivos, mas sim apenas por já ser,
ainda abstrata, mágica.
A verdadeira mágica, pra mim, tomou forma numa tarde e noite de
quarta-feira, sendo transformada em voz e violão, em muitos tons e
alegria, e naquele momento, de verdade – eu me sentia infinita.
E incrível.
Foi quando todo o meu mantra de que a arte não deve nunca diminuir a
arte, mas engrandecê-la e torná-la mais bela tomou uma complexidade
e concreticidade nunca antes vistas e experimentadas por mim. E
ultimamente venho tendo várias das minhas filosofias transformadas
em realidade para que eu possa senti-las de verdade e ter a certeza
de que não teorias furadas – e de que a filosofia é a ainda mais
essencial do que parece ser.
Outra questão relacionada a arte que pode ser experimentada –
mesmo que infelizmente por apenas algumas pessoas – tinha a ver com
os detalhes e a simplicidade que ela toma, e onde se forma.
Não há pra mim, coisa mais bela que a espontaneidade que o ser
humano tem a capacidade de carregar em si, mas permanece em sua
maioria oprimida e retraída, controlada por padrões e manuais de
você-não-pode-parecer-exagerado-ou-interessado-ou-infantil-para-ser-interessante.
Pelo amor de Cristo crucificado e que habita hoje a direita do Pai,
amém: POR QUE AS PESSOAS TÊM QUE PARECER DESINTERESSADAS PARA SEREM
INTERESSANTES?
Esse é um dos conceitos que eu mais desprezo e discordo na minha
vida, porque pra mim, não existe coisa mais interessante que gente à
vontade e ela mesma. Gente sereninha, mesmo sem ser calma. Serena
como sinônimo de ser o que é, e tudo bem com isso.
Essa foi uma energia que experimentei em doses altas, e que fez com
que eu libertasse várias de minhas amarras e fizesse aquilo que amo:
arte. Toda essa energia dessas pessoas incríveis fizeram com que eu
me aproximasse do violão de um desconhecido e cantasse com outros
cinco desconhecidos, e sozinha, em alguns momentos, mas sabendo que
não havia julgamento ali, só pura contemplação.
Saber que, pós-evento, eu tomei coragem e mandei uma mensagem mó
doida dizendo “ei que música e que energia incríveis” e que
deixei um comentário indignado, mas fofo na foto de uma pessoa que
não troquei duas palavras, mas compartilhei da música, e saber que
pra mim, independente de como tenha sido pra qualquer outra pessoa,
não existe laço mais forte do que compartilhar arte, e assim, alma.
Vi que independente do tanto de gente que suga cada gota de energia
boa, se você permitir, haverá alguém com uma energia tão intensa
que vai servir de carregador. E aí o mundo vai ser um pouquinho mais
colorido e a vida vai valer mais a pena.
Muitas das coisas dependem da importância e atenção que a gente
dá, além da permissão de que algumas pessoas entrem e modifiquem
nossa vida, seja isso de forma bagunçada ou aconchegante.
Depende muito da abertura que a gente dá e o quão disposto a ser
marcado a gente está. Já dizia alguém, você não pode machucar os
sentimentos de alguém que não os tenha, mas caso não tiver, você
não pode apreciar cada detalhezinho lindo dessa vida que desabrocha
a cada manhã.
E peço perdão a todos que não aproveitaram, mas pra mim, foi
escolha de cada um de vocês. Com tanto amor e alma derrubados por
aí, só um tolo para não juntá-los.
Tenho orgulho de dizer que, pelo menos dessa vez, fui muito mais
esperta.
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